quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Teatro Amazonas



O Teatro Amazonas é uma das principais atrações turísticas de Manaus, além de ser um monumento cultural da época de ouro do ciclo da borracha (entre 1890 e 1920). O teatro foi inaugurado em 1896 pelo então governador Eduardo Ribeiro (o primeiro governador negro da história do Brasil, filho de uma ex-escrava), engenheiro que fez o primeiro Plano Diretor Urbanístico da cidade e dá nome a uma das principais avenidas do centro histórico da capital amazonense. Naquela época, Manaus foi uma das cidades mais ricas do país, considerada a "Paris dos Trópicos" pela quantidade de rios navegáveis cortando a cidade. A capital francesa é homenageada numa pintura no teto do teatro, que simboliza as formas da Torre Eiffel vista de baixo. A Belle Époque influenciou a arquitetura e os costumes do povo amazonense, e o teatro representa o auge da prosperidade desse momento do passado, com os lustres italianos feitos de vidros de Murano e  uma famosa cúpula com telhas nas cores da bandeira nacional, sobre a construção de estilo neoclássico. O declínio do ciclo da borracha ocorreu quando os ingleses contrabandearam 50 mil sementes de seringueira para cultivar plantações na Malásia, um caso de biopirataria bem ilustrativo do espírito corsário tradicional das atividades econômicas e políticas dos britânicos.







Concerto da Orquestra de Violões do Amazonas, dirigida pelo Maestro David
Nunes, na abertura do Festival Amazonas de Música.

O teatro luxuoso foi construído no coração da selva amazônica para o entretenimento e os encontros sociais da elite dos barões da borracha, que iam para óperas, concertos e espetáculos teatrais vestindo as melhores roupas da última coleção de moda europeia do período e para demonstrar status. Conta-se que a ostentação era tamanha que os abastados manauaras daquele tempo faziam das cédulas de réis o papel de fumo para charutos; as baronesas não lavavam seus vestidos caríssimos com as águas escuras do Rio Negro, mas enviavam-nas de navio para serem lavadas e engomadas no Velho Mundo. Uma outra curiosidade a respeito do Teatro Amazonas é que nas suas proximidades havia alguns trechos de calçamentos de borracha bem resistente com isolamento acústico, feitos para que as rodas das carruagens passassem e não fizessem barulho no interior do teatro. Com seus 117 anos, o Teatro Amazonas segue como um monumento importante, um patrimônio histórico e cultural da Amazônia, lugar imperdível para quem visita Manaus e aproveita para fazer uma visita guiada e participar da programação do teatro.







Vista da Igreja São Sebastião e do Largo São Sebastião, a partir da varanda
do 2º andar do Theatro Amazonas, na saída do Salão Nobre.

Maquete do Teatro Amazonas feita de lego.

Textos e fotos
Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

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