terça-feira, 26 de março de 2013

Ponto de Cultura Quilombola em Caucaia



O Ponto de Cultura Quilombocult da Associação dos Remanescentes do Quilombo dos Caetanos de Capuan de Caucaia (ARQCCC-CE) foi inaugurado na manhã desta segunda-feira, 25 de março de 2013, em Caucaia/CE. A data foi escolhida simbolicamente por conta do feriado estadual da Abolição dos Escravos na província do Ceará, em 25 de março de 1884, acontecimento histórico pioneiro em solo cearense que antecedeu em quatro anos a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel. O feriado da Abolição foi instituído em 2011 pelo governador Cid Ferreira Gomes (PSB-CE), e neste ano a data histórica completa 129 anos. 

A inauguração do Quilombocult é apoiada pelo Ministério da Cultura (MinC), a partir do programa Cultura Viva, e pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE). Maria dos Anjos, uma das coordenadoras do Ponto de Cultura, contou a história de fundação da comunidade dos Caetanos de Capuan, e voltou no tempo até a famosa seca de 1915, quando uma família de quilombolas saiu de Tururu, antes vinculado ao município de Uruburetama, e se instalou no Soure, antigo nome da cidade de Caucaia. É a mesma época retratada no clássico romance "O quinze" de Rachel de Queiroz. O governador do Ceará naquele período, Liberato Barroso, impediu que os sertanejos migrassem até Fortaleza, sendo proibidos de ultrapassar Soure. Inclusive foram instalados campos de concentração no Ceará para aprisionar os flagelados da seca, fato pouco estudado na historiografia, mas relevante por anteceder em duas décadas a perseguição nazista contra os judeus no Holocausto da Segunda Guerra Mundial. Na sequência de sua fala, Maria dos Anjos apresentou uma parte da árvore genealógica da comunidade dos Caetanos de Capuan, situando a todos sobre a caminhada de seis gerações de remanescentes quilombolas, em processo de auto-reconhecimento e valorização das raízes culturais africanas.




A abertura do evento se deu com a apresentação artística do trio composto pelos músicos Daniel Sombra (tenor e professor de Música do município de Caucaia), Felipe Rubens (violino) e Marco Leonel Fukuda (violão e viola caipira). O repertório teve músicas de Humberto Teixeira, Heitor Villa-Lobos e Luiz Gonzaga, com um recorte da música brasileira, enfatizando a riqueza da música regional nordestina. O público cantou junto as músicas "ABC do Sertão", "Asa Branca" e "O xote das meninas". As letras de "Pau de arara" e "A Morte do Vaqueiro" também passaram a mensagem da resistência do povo do Nordeste, e da vibrante cultura que leva consigo "dentro do matulão". Além da música, jovens da comunidade dos Caetanos apresentaram dois números de dança, um de carimbó e outro da dança da quenga do coco. A inauguração do Ponto de Cultura Quilombola reuniu cidadãos caucaienses, autoridades locais, e representantes de várias gerações, desde as crianças e a juventude até as senhoras de mais de 75 anos, as griôs, ou mestras da cultura - memória viva da comunidade, que participaram com entusiasmo das atividades sentadas na privilegiada primeira fila reservada para elas, as matriarcas da linhagem dos Caetanos de Capuan. 


Leia também
Educadores Tremembé são formados na UFC

Fotos: Marco Leonel Fukuda e Junia Leonel

Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

segunda-feira, 25 de março de 2013

Música no ENEPET 2013

Oficina de Música do XII ENEPET - Fortaleza/CE - 15/03/2013

O XII Encontro Nordestino dos Grupos PET foi realizado entre os dias 14 e 17 de março de 2013 na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza-CE. O PET é a sigla para Programa de Educação Tutorial, um projeto de alcance nacional, presente em instituições federais, estaduais e municipais de ensino superior no Brasil. O PET foi implantado em 1979 em cursos de graduação da área tecnológica, para aprimorar a qualidade acadêmica e estimular a motivação e a permanência dos universitários, diminuindo a repetência e a evasão dos alunos. 

Desde a implantação do REUNI no governo do presidente Lula, vários grupos PETs de áreas como Humanas, Artes, Biológicas, Ciências Exatas e da Terra foram implantados pelo Ministério da Educação (MEC) no Brasil inteiro em um processo conjunto com a expansão das universidades públicas. Tem aumentado o espaço para a proposta de educação tutorial, reunindo grupos de bolsistas que se destacam nas faculdades com acompanhamento de professores doutores como tutores que devem estimular os petianos para realizarem projetos que contemplem o tripé fundamental da universidade (ensino-pesquisa-extensão) e que tragam melhorias para os respectivos cursos de graduação. 



O XII ENEPET foi um congresso que reuniu representantes dos grupos PET dos nove estados do Nordeste brasileiro na capital cearense, para que fossem discutidos aspectos do programa PET, a integração entre as diversas áreas do conhecimento humano e experiências bem-sucedidas de educação tutorial. O ENEPET é um evento regional fundamental para a articulação política dos grupos PET, uma continuação dos encontros estaduais (o ENCEPET - Encontro Cearense dos PETs foi na semana anterior e serviu como prévia do ENEPET), e uma preparação para o Encontro Nacional dos grupos PET (ENAPET), previsto para outubro de 2013, em Recife-PE.

A oficina de Música do ENEPET foi uma das ações culturais do evento, uma pausa entre atividades como palestras, conferências, grupos de discussão e grupos de trabalho. Tivemos o prazer de trabalhar como facilitador da oficina de Música, representando o PET do curso de Comunicação Social da UFC - o PETCom. Pudemos trocar experiências sobre interesses artísticos dos participantes da oficina e das atividades culturais realizadas pelos grupos PET representados. 

Temas básicos de teoria musical foram trabalhados, introduzindo as noções de harmonia e melodia, as formações instrumentais, e a discussão de aspectos estéticos e antropológicos da música, ressaltando a dimensão de sociabilidade e a presença da música no cotidiano. Após essa discussão, fizemos um breve ensaio em grupo de vozes acompanhadas por uma viola caipira, para tocarmos "Tocando em frente" de Almir Sater, e "Dona Maria", de Juliana Roza e Ernesto Cartaxo, da banda cearense Fulô da Aurora, música que tratava sobre a rotina das lavadeiras que lavam roupas e cantam nas beiras dos rios. A oficina de Música reuniu tanto a reflexão teórica quanto a prática musical coletiva do canto, e permitiu, dessa maneira, trazer novas informações e enriquecer a programação do XII ENEPET.


Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

Oficina e Apresentação Fortaleza Instrumental

Marco Leonel Fukuda na oficina de Iniciação ao Violão -
foto: Junia Leonel 

A primeira edição do Festival Fortaleza Instrumental reuniu um importante grupo de instrumentistas das cordas nos dias 15 e 16 de março de 2013 no centenário Theatro José de Alencar. Além de apresentações consecutivas que privilegiaram a formação de público para a música instrumental, o festival também proporcionou oficinas gratuitas para jovens músicos e interessados da comunidade. 

A Oficina de Iniciação ao Violão foi realizada na tarde do sábado, 16 de março. A oficina tinha como um dos principais objetivos despertar a curiosidade dos presentes para a história desse cordofone, relacionando a anatomia e a construção das partes integrantes do instrumento com as aplicações dos conceitos de ressonância e de cordas vibrantes para gerar a sonoridade e o timbre violonísticos. Foram sugeridos exercícios básicos para o alongamento muscular de braços e mãos no preparo físico antes de ensaios e shows, e conselhos das posições mais adequadas para a mão direita (dedilhado) e a mão esquerda (digitação).  

Uma abordagem comparativa entre o violão e a viola caipira foi utilizada como metodologia para chamar a atenção de um público diversificado, que continha músicos iniciados, violonistas iniciantes e inclusive apreciadores do violão. Foram trabalhadas as diferenças entre ordens de cordas emparelhadas (em pares como cordas duplas da viola de 10 cordas) e cordas singulares como no violão de 6 cordas, o material de aço ou de nylon do encordoamento, e o cuidado de verificar a afinação sempre que variar a temperatura nos ambientes. Dessa forma, a oficina buscou aproximar mais o público do universo do violão, esse instrumento de cordas fascinante, inserido afetivamente na cultura brasileira.


Marco Leonel Fukuda se apresenta no Festival Fortaleza Instrumental
Foto: Lia Freitas

A programação do Fortaleza Instrumental continuou no período da noite, com as apresentações do grupo de choro Nó na Madeira, dos violonista Nonato Luiz, Diego Figueiredo e Toninho Horta. Tive a honra e o prazer de também me apresentar no evento e dividir a noite com esse time de primeira da música instrumental, e pude divulgar o meu trabalho do segundo disco, "Jornada", além de contribuir com a contrapartida da oficina de Iniciação ao Violão.

Álbum de Fotos no Picasa: Fortaleza Instrumental 2013


Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador

segunda-feira, 11 de março de 2013

Fortaleza Instrumental 2013


O Theatro José de Alencar recebe no próximo final de semana (15/03 e 16/03) o I Festival Fortaleza Instrumental. O evento é organizado pelo músico e compositor Pingo de Fortaleza e pelo produtor Arnóbio Santiago, realização do Maracatu SOLAR - Solidariedade e Arte. Segue abaixo, segue a programação descrita no cartaz, com ênfase na produção de música instrumental para violão:


Programação de Shows Fortaleza Instrumental
Theatro José de Alencar

Sexta-feira, 15 de março de 2013
19h - Rio das Cordas (Guaramiranga)
20h - Pingo de Fortaleza e Orquestra de Câmara Fermata
20h30 - Zé Menezes
21h - Mimi Rocha

Sábado, 16 de março de 2013
18h30 - Nó na Madeira
19h - Marco Leonel Fukuda
20h - Nonato Luiz
20h30 - Diego Figueiredo
21h - Toninho Horta


Oficinas

Sábado, 16 de março de 2013
14h - 15h - Iniciação ao Violão - Marco Leonel Fukuda
Sala de Canto - Anexo TJA


Abertas as inscrições para oficinas do Festival Fortaleza Instrumental:
associacaosolar@gmail.com



Festival Fortaleza Instrumental - Mais informações:

SOLAR - (85) 3226-1189
Blog Música do Ceará
Blog Joanice Sampaio
Site NelSons
Agência da Boa Notícia (12/03/13) - Fortaleza Instrumental terá shows e oficinas com astros locais e nacionais

Culinária Árabe em Fortaleza


Para quem quer conhecer a culinária árabe para além de esfirras e quibes de fast food, uma boa pedida para o público fortalezense é o restaurante Kebab House. É um local agradável, bem localizado e com uma comida saborosa, refrescante, temperada e inusitada com os sabores do Oriente Médio. O kebab é um preparado de carne com vegetais, assada em espetos giratórios, conhecido como "churrasco grego", apesar de ter se espalhado a partir da Turquia até alcançar o Mundo Árabe, o Mediterrâneo, a Europa e as dunas escaldantes do Ceará.



O Kebab House tem dois ambientes, um externo com música ao vivo e outro interno, como representado na foto acima, espaço acolhedor e intimista, com vista para a cozinha, separada dos curiosos clientes por um fino vidro. Para os mais detalhistas, é uma experiência gastronômica de viajar no imaginário para outro continente, uma aventura do paladar que começa ao ver a coleção de belas tapeçarias, as cores exuberantes dos mosaicos e o trabalho das mãos hábeis dos cozinheiros do restaurante.

Porção de kebab de faláfel, recheio de
bolinhos de grão -de-bico e vegetais.

Um bom pedido para um casal dividir num jantar romântico é uma porção de kafta, uma espécie de almôndega de carne bovina repleta de especiarias como orégano, cominho e canela. Como acompanhamento da kafta, tabule e cuscuz marroquino completam o prato. Azeite, molhos de mostarda e mel, pimenta, tahine (óleo de gergelim com limão) e iogurte com alho são fundamentais para adicionar sabores leves e inesperados alternadamente a cada garfada. Uma delícia também é o kebab vegetariano de faláfel, com recheio de grão-de-bico e purê de alho, enrolado em uma fina camada de pão sírio (pão-folha), tendo um copo de suco de abacaxi com hortelã do lado. 


No cardápio desse restaurante que investe na gastronomia de nicho, que busca a especialização em determinado produto - como no caso do kebab, há outras opções para os amantes da culinária árabe, como hommus (pasta de grão-de-bico), coalhada seca, babaganuche (pasta de beringela com gergelim), carne de cordeiro, kebabs salgados e doces. É um cardápio diversificado para ser explorado em visitas posteriores. 



Para encerrar, uma foto do sorvete de figo, excelente opção de sobremesa para encerrar com chave de ouro um jantar que recomendamos no Kebab House. Uma culinária para ser apreciada sem pressa, saboreando cada nota de surpreendente sabor das especiarias orientais, com o prazer de uma boa companhia.


Serviço
Kebab House - Kebaberia e Bar
Avenida Santos Dumont, 1957 Loja 10 - Esquina com a Avenida Barão de Studart
Aldeota - Fortaleza/CE
Telefone: (85) 4141-3704

Horário de funcionamento:
Terça à quinta - de 18h à 1h
Sexta e sábado - de 18h às 3h
Domingo - de 18h à meia-noite


Texto e fotos:
Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador


Obs: Visita realizada ao Kebab House no último dia 16 de fevereiro de 2013.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Educadores Tremembé são formados na UFC

Formação da dança do Torém dos índios Tremembé de Almofala
Foto: Marco Leonel Fukuda

Trinta e seis educadores dos índios Tremembé de Almofala colaram grau em cerimônia realizada na noite desta quarta-feira (6) na Concha Acústica. Esse grupo se formou como a primeira turma concludente do curso de Magistério Indígena Tremembé Superior - MITS, a primeira graduação de educadores de Licenciatura Intercultural do Nordeste brasileiro. A Universidade Federal do Ceará foi pioneira como instituição de ensino superior por facilitar esse projeto de educação indígena, realizado nas próprias aldeias em convênio com o Campus da UFC em Sobral, reconhecendo e valorizando os saberes tradicionais do povo Tremembé. As atividades didáticas do MITS aconteceram na escola índigena Alegria do Mar no litoral de Itarema, em que lideranças Tremembé como o cacique João Venâncio e o pajé Luis Caboco também participaram no quadro docente do curso.

Graduandos, amigos e familiares celebram no
torém dos Tremembé - foto: Marco Leonel Fukuda 

Após discurso emocionado do coordenador do MITS, Babi Fonteles, e do pronunciamento do Magnífico Reitor da UFC, professor Jesualdo Farias, os educadores Tremembé diplomados realizaram uma apresentação da dança típica do torém. Com uma grande roda que envolveu a multidão presente na cerimônia de colação de grau, celebrou-se com diversificado repertório do cancioneiro Tremembé o momento histórico essa conquista da formatura da primeira turma de professores indígenas. Tratava-se de um divisor de águas para a luta dos índios do Ceará, e um bom precedente para uma educação superior mais inclusiva no Brasil. 


O Cacique João Venâncio e o coro entoam as canções dos índios Tremembé
ao som das maracas.
Foto: Marco Leonel Fukuda



Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador