Os sons da descoberta da música presentes desde a educação básica |
A música, a partir da lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, passa a ser uma disciplina obrigatória no currículo da educação básica no Brasil. Sancionada pelo ex-presidente Lula, essa norma atualiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - lei nº 9394/96), dando um prazo de três anos para as escolas brasileiras se adaptarem à essa exigência. Em termos práticos, isso coloca o ensino da arte musical no mesmo patamar de valorização pedagógica de outras disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática e Estudos Sociais para os alunos da educação infantil e do ensino fundamental.
Vivemos um momento em que se faz necessário repensar o sistema educacional brasileiro. Nossos cidadãos têm acesso a uma formação plural, sensível e humanística? Esse questionamento envolve também o espaço destinado às expressões artísticas. Não podemos acreditar que a música seja um remédio milagroso para a crise estrutural do ensino no nosso país, tampouco podemos continuar relegando-a à posição de fundo ambiental do currículo escolar.
Essa arte sonora volta para reavivar o antigo sonho de Heitor Villa-Lobos de dar oportunidade para expressarmos o potencial e a musicalidade criativa do nosso povo. A partir desse avanço legislativo, a música se separa do bloco confuso e indefinido da Educação Artística, que, assim como a Educação Física, por muitos anos representaram papeis coadjuvantes nos currículos das escolas brasileiras.
Agora que é autônoma, a música exigirá educadores preparados para aplicarem didaticamente os conhecimentos musicais em sala de aula. Os professores de música desse novo momento histórico devem ser licenciados na área. O intuito, porém, não é fabricar músicos profissionais, cantores e instrumentistas técnicos, mas de dar ferramentas para afinar as vozes e os ouvidos, para aguçar a percepção auditiva dos estudantes, a fim de se relacionarem criticamente com os sons presentes na sociedade.
A música forma cidadãos mais sensíveis,
capazes de apreciar e de se expressar sonoramente com consciência. Por
isso a importância de estar presente na escola, desde a base do
desenvolvimento humano, cívico e sócio-cultural. Sem música, a educação
brasileira é surda, monótona e superficial. Agora, somente com ela, é
que poderemos ter um processo educativo polifônico, cantável e
orquestral.
Texto e foto: Marco Leonel Fukuda
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Marco Leonel Fukuda
Músico e comunicador
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